A Síndrome do Impostor é um fenômeno psicológico que afeta muitas pessoas, mas tem uma prevalência maior entre as mulheres. Ela se manifesta como uma sensação persistente de inadequação, mesmo em meio a conquistas evidentes, e está relacionada a fatores sociais, culturais e históricos que reforçam inseguranças e dúvidas sobre a própria capacidade. Embora o termo ‘síndrome’ seja usado, é importante destacar que a Síndrome do Impostor não é um transtorno mental diagnosticável, mas sim um conjunto de comportamentos e pensamentos que podem ter efeitos significativos na saúde mental.
O que é a Síndrome do Impostor?
Descrita pela primeira vez em 1978 pelas psicólogas Pauline Clance e Suzanne Imes, a Síndrome do Impostor é caracterizada pela crença de que o sucesso pessoal é resultado de sorte, ajuda de terceiros ou circunstâncias externas, em vez de mérito próprio. Indivíduos afetados têm dificuldade em reconhecer suas conquistas e vivem com o medo constante de serem ‘descobertos’ como uma fraude.
Pesquisas indicam que cerca de 70% das pessoas experimentam a síndrome em algum momento da vida (International Journal of Behavioral Science, 2011). No entanto, estudos mostram que ela afeta desproporcionalmente as mulheres, especialmente em ambientes de trabalho ou estudo dominados por homens.
Por que as mulheres são mais afetadas?
A maior prevalência da Síndrome do Impostor em mulheres não é um acaso. Fatores sociais e culturais desempenham um papel crucial na construção desse fenômeno, reforçando inseguranças e padrões de autocrítica. Alguns dos motivos incluem:
1. Desigualdade de Gênero e Representatividade: Historicamente, as mulheres enfrentaram restrições para acessar espaços de poder e prestígio.
2. Socialização de Gênero: Desde cedo, meninas são frequentemente incentivadas a buscar perfeição, enquanto meninos são encorajados a correr riscos.
3. Estereótipos de Competência: Mulheres frequentemente enfrentam maiores níveis de julgamento.
4. Dupla Jornada e Pressões Sociais: Muitas mulheres carregam a maior parte das responsabilidades domésticas e de cuidado, o que contribui para o sentimento de inadequação.
A perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem amplamente utilizada para trabalhar questões relacionadas à Síndrome do Impostor. Ela se baseia no conceito de crenças centrais, que são interpretações profundas que as pessoas fazem de si mesmas, dos outros e do mundo. Na Síndrome do Impostor, crenças centrais negativas podem perpetuar pensamentos automáticos disfuncionais, como:
Crença de Incompetência: ‘Eu não sou boa o suficiente.’
Crença de Desmerecimento: ‘Eu não mereço esse sucesso.’
Crença de Perfeccionismo: ‘Se eu não for perfeita, vou decepcionar os outros.’
Esses pensamentos podem ser desafiados em terapia, ajudando as pacientes a reestruturar suas crenças e desenvolver autoconfiança.
Dicas úteis para ajudar a superar a Síndrome do Impostor?
- Reconheça e Questione Seus Pensamentos: Identifique padrões de pensamento como ‘não sou boa o suficiente’ e questione-os com base em fatos.
- Celebre Suas Conquistas: Faça uma lista de seus sucessos e reconheça seu papel ativo neles.
- Busque Apoio: Compartilhar sentimentos com colegas, mentores ou um psicoterapeuta pode trazer clareza e alívio.
- Desafie o Perfeccionismo: Lembre-se de que a perfeição não é necessária para o sucesso.
Uma reflexão final
A Síndrome do Impostor não define quem você é ou o que você é capaz de alcançar. Em um mundo que ainda carrega desigualdades de gênero, é essencial que mulheres reconheçam seu valor, celebrem suas conquistas e se apoiem em recursos que promovam saúde mental e autoconhecimento.
Na Clínica Psiquê, utilizamos abordagens baseadas na TCC para ajudar nossas pacientes a enfrentar a Síndrome do Impostor, identificando crenças disfuncionais e fortalecendo a autoconfiança. Reconhecer suas conquistas é um ato de coragem. E coragem, você já tem de sobra.
Autor(a): Psicóloga Madalena Matos – CRP 06/145723
